SOL FEMININO

Medrosa. Queria ser o sol. Calor que te seca. 
Brilho que reflete. Te penetra. Te entregas. 
Tanta pureza e pudor. Tanta vontade e poesia(...)

Passaram-se anos, desde a ultima festa,
Daquele corredor, nem casa mais há, 
Tudo ficou diferente, sorriso e pele, acções do tempo,
Eu que inocente a levava comigo a peito, 
Hoje apenas lamento investimento tardio, 
Se eu quisesse com mais força, se soubesse ler o sinais,
Lembro-me de seus pés descalços, lembro do sorriso e até do cabelo, 
Mas talvez seja a voz, o ponto mais alto das minhas lembranças,
Ela tinha tudo como eu, boca, nariz e olhos, vontade, 
Mas eu não sabia ler seus movimentos, confesso, 
Ela flutuava pelo chão do corredor, com olhares ternos,
Naquele tempo, eu sentia desejo por a tocar e beijar,
Confesso, naquele tempo, tudo era só desejo,
Talvez não houvesse nada mais,
Hoje eu posso verdadeiramente confessar,
O desejo virou vontade e essa tornou-se fixação,
Ela me ouviu gritar e enganar pessoas, 
Ela sentia o quanto minha alma era doente,
Ela sabia quanto valia ter um sorriso meu guardado numa caixa,
Pois eram raros como borboletas azuis,
Ou amarelos, comuns como os insectos da lâmpada,
Para ela, nunca nada foi pintado de amarelo,
Ela merecia aquele azul, o sol merece,
Eu só queria tirar a minha Alice das correntes,
Pintar para ela um quadro com toda aquela minha pequena arte, 
Então veio tempo, sempre ele ladrão de momentos,
A vida cada vez se complicava mais, eu eu queria falar, não podia falar, 
Peguei um papel, minha caneta e toda verdade escondida,
Peguei a coragem e tentei contactar-la e ela parecia tão bem,
As vezes pensava que a minha simples presença era capaz de matar algo, 
Ja vi muita flor morrer e eu não queria mais essa morte sob meu olhar,
-Gira Sol, vem até mim, que eu canto para você dançar, 
-Se cair a chuva, eu posso ser nuvem e lhe cobrir até ela passar
Sempre achei que minhas palavras valessem muito, 
Por conta de não omitir e não mentir para quem gosto,
Mas quanto mais digo e aparento franqueza mais pareço criança.
Mais a afasto de mim.
 Texto retirado na íntegra do blog http://minhacafeina.blogspot.com/2010/03/sol-feminino.html do grande e saudoso Din Fernandes. adoro as poesias dele.


Lindo Texto, perfeito, me encaixei em diversas linhas desta poesia, em diversas descrições, acho que todo mundo na vida se frustra em diversos momentos, eu sou um deles, parece que nada que faço dá certo, parece que tudo que toco morre, tudo que olho se entristece. 
Olho pra traz e me vejo como eu era antigamente, as vezes me vejo na época em que era criança, acho que nunca fui tão feliz o quanto era naquela época, sem tantos pensamentos, sem tantas cobranças, bastava ir pra escola, tirar boas notas e depois era só brincar. Era o tempo em que existiam férias, que depois das notas da IV unidade estávamos livres de tudo, livre pra brincar, se divertir, sorrir e esperar o tempo passar e depois começar tudo de novo, não haviam responsabilidades superiores a estas, não existiam amores, temores, nem pesadelos.
Hoje aqui, tudo é diferente. A tarde está longa, parece que o tempo parou, dia estranho... 17:12 do dia 12/05/2010 do ano do Tigre, ano do meu signo no Zodíaco Chinês, ano de mudanças...espero que não sejam pra pior.
:D

Abraços a todos.

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4 INTERVENÇÕES:

À PÉ ATÉ ENCONTRAR disse...

Uma poesia emocionante.Também sinto tanta familiaridade no poema!
Bem, todo mundo tem maus momentos na vida, acredito mesmo que sejam apenas momentos e mais, acredito que eles nos fazem crescer grandemente e passam e logo a alegria volta...Assim espero!
Eu conheço este moço, sei que o que ele toca não entristece, muito menos morre...Que venham boas mudanças pra tua vida.

Unknown disse...

Obrigado André, muito obrigado por ter me citado aqui.
Sinto-me orgulhoso de ter escrito este poema, as vezes a vida inspira.

Parabéns pelo blog.
A você e a toda equipe.

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Melancólico e depressivo, esse!
Não seja refém de si mesmo, já dizia aquela frase...
Em suma, aponta pra fé e rema.